Criando hipertextos
“ Todo texto impresso pode ser um hipertexto,
mas nem todo hipertexto pode ser um texto impresso”.
Antonio Carlos Xavier
A conceituação de texto pode variar
dependendo da perspectiva teórica que se adotar. Bentes afirma que,
Um entendimento
satisfatório do fenômeno textual, em qualquer arcabouço teórico, requer que a
relação entre teoria e objeto se faça a mais clara possível. A
imprescindibilidade dessa relação reside no fato de que o entendimento das
diferentes concepções de texto se dá em função de que a postulação e o
reconhecimento dos elementos constitutivos do fenômeno textual estão previstos
nessa relação; é ainda em função dela que a possibilidade de ampliação, ou
mesmo de deslocamento, do conceito se faz plausível. No entanto, torna-se
imperativo frisar que a referida relação se sustenta em função do conceito de
língua que subjaz à plataforma teórica mobilizada para o trabalho de
investigação. (BENTES, Anna Christina & REZENDE, Renato Cabral. 2008:22)
Adoto a concepção de texto como resultante da interação das atividades
humanas por intermédio da linguagem verbal (oral ou escrita), não sendo um
amontoado de palavras desconexas, mas constituindo-se pela relação de sentido
entre essas palavras, podendo ser pretexto para a produção de outros textos.
Os textos geralmente são escritos linearmente e os recursos de citação ocorrem com a
inserção de trechos de outros textos, por intermédio da paráfrase ou notas de
pé da página e referências bibliográficas. Mas, um texto acadêmico pode
funcionar como hipertexto, uma vez que contém notas de rodapé ou referências no
desenvolvimento do texto que funcionam como links para a consulta em outras
obras. O leitor pode optar em ler o texto de forma contínua, consultando as
notas após a leitura ou interromper a leitura a cada localização e buscar a
obra referenciada.
O hipertexto (eletrônico) refere-se a uma forma de escrever não-linear de informações
em formato digital dividido em módulos de informações interligadas através de links oferecendo ao leitor diferentes
trajetos para a leitura e interatividade. A leitura pode ser direcionada para
outro ponto do mesmo texto, para outros textos e também para arquivos de
imagens e sons. Para Lúcia Santaella,
(…) o texto passou por
transformações, por uma verdadeira mudança de natureza na forma do hipertexto,
isto é, de vínculos não-lineares entre fragmentos textuais associativos,
interligados por conexões conceituais (campos), indicativas (chaves) ou por
metáforas visuais (ícones) que remetem, ao clicar de um botão, de um percurso
de leitura a outro, em qualquer ponto da informação ou para diversas mensagens,
em cascatas simultâneas de interconectadas. (SANTAELLA, 2008, p. 47)
O hipertexto agrega não somente o
texto escrito, mas também imagens, sons e animações variadas alterando, desse
modo, a noção de textualidade. Santaella (2008) diz que o “hipertexto não é
feito para ser lido do começo ao fim, mas sim através de buscas, descobertas e
escolhas”. O leitor pode definir seu percurso de leitura, estabelecendo por
suas escolhas uma nova sequência narrativa. A diferença do texto tradicional
para o hipertexto está no suporte e na velocidade de acesso.
RESUMINDO:
TEXTO versus HIPERTEXTO
·
Texto geralmente é
escrito linearmente e os recursos de citação ocorrem com a inserção de trechos
de outros textos, paráfrase, notas de rodapé e referências
bibliográficas.
·
Hipertexto (eletrônico) é uma
forma de escrever não-linear de informações em formato digital, interligadas
por meio de links oferecendo diferentes trajetos para leitura e interatividade.
HIPERTEXTOS
•O hipertexto agrega não
somente o texto escrito, mas também imagens, sons e animações variadas
alterando, desse modo, a noção de textualidade.
“ Por hipertexto entendo ser uma forma híbrida, dinâmica e flexível de
linguagem que dialoga com outras interfaces semióticas, adiciona à sua
superfície formas outras de textualidade”.
Antonio Carlos Xavier
O leitor de hipertextos não faz somente a decodificação das palavras ao
contrário, seus horizontes são estendidos, tem ampliadas de maneira
ilimitadas suas relações de referências de mundo. Dessa forma, a leitura de
mundo e da realidade passa a ser ampliada pelo hipertexto. Como afirmava
Paulo Freire ” a leitura do mundo precede a
leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da
continuidade da leitura daquele”. Se
para ser um bom leitor da palavra é preciso antes ser um bom leitor do mundo, “o hipertexto vem consolidar esse
processo, uma vez que viabiliza multidimensionalmente a compreensão do
leitor pela exploração superlativa de informações, muitas delas inacessíveis
sem os recursos da hipermídia”. (Xavier,
Antonio Carlos, 2005. p.172)
Ouça agora uma entrevista de Antonio Carlos Xavier para o site “Café Colombo” sobre a “Era do
Hipertexto” .
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