Ao narrar um
acontecimento, produz-se inevitavelmente um relato, seja escrito ou oral. Sua
principal função é tornar conhecida uma ação ou sequência de ações já
ocorridas, sendo, portanto, no campo da escrita, um texto primordialmente
narrativo. Quando se conta como foi um acidente, de que forma um jogador fez um
gol ou como um crime ocorreu, por exemplo, estão sendo produzidos relatos.
Esse tipo de texto
costumeiramente insere-se em outros. Notícias, notas informativas, biografias,
diários, blogues, relatórios e textos que tratam sobre a História são
essencialmente constituídos de relatos. Até os Boletins de Ocorrência o são.
Sem eles, as reportagens não poderiam ser escritas, e muitas entrevistas não
teriam um bom motivo para ser realizadas. A maior parte das cartas pessoais
praticamente não existiriam. Logo, conclui-se que, embora sejam de simples
estrutura, os relatos são talvez o tipo de texto mais comum no cotidiano. Eles
não pressupõem histórias com conflito, tampouco com contextualizações e
descrições muito elaboradas, basta que sejam narradas as ações de uma ou mais
personagens, reais ou não. Algumas vezes a Narração é confundida com
Relato, pois em grande parte ela é formada por relatos, contudo na Narração
espera-se algo mais: desenvolvimento de um conflito, clímax e desfecho.
O Relato possui um
título simples, cujo objetivo é a mera identificação sobre o que ele trata, por
exemplo: Relato de um carteiro; Relato sobre um roubo. Quanto às demais partes
da estrutura, não há segredos, o Relato pode ter um ou mais parágrafos,
dependendo de sua função. No caso de um exame vestibular, sua extensão
dependerá exclusivamente do espaço fornecido pela prova.
Leia os relatos a
seguir e observe a diferença entre os temas:
RELATO I
John Napier
John Napier era um
proprietário escocês, Barão de Murchiston, que administrava suas grandes
propriedades e escrevia sobre vários assuntos. Ele só se interessava por alguns
aspectos da matemática, particularmente os que se referiam à computação e à
trigonometria. Napier conta que trabalhou em sua invenção dos logaritmos
durante vinte anos antes de publicar seus resultados em 1614. Napier começou a
reduzir operações tediosas de multiplicação a operações mais simples de adição
através da correspondência entre progressões aritméticas e geométricas.
A publicação, em 1614,
do sistema de logaritmos de Napier teve sucesso imediato. Entre seus
admiradores mais entusiásticos estava o inglês Henry Briggs, grande professor
de geometria em Oxford. Em 1615, ele visitou Napier em sua casa, na Escócia, e
lá eles discutiram possíveis modificações nos métodos dos logaritmos. Briggs
propôs o uso de potências de 10. Napier concordou. Morreu em 1617 e, em 1624,
Briggs publicou a "Arithmetica Logarithimica", uma tabela com os
logaritmos comuns.
http://www.grupoescolar.com/materia/john_napier_(1550_-_1617).html
RELATO II
(POST DE UMA PÁGINA DE
INTERNET)
No dia do terremoto,
os funcionários do hotel onde eu me refugiava colocaram uma TV no saguão para a
gente assistir. Pessoas que estavam dormindo no chão reuniram-se em torno do
aparelho e eu também fui atrás, rastejando para fora do cobertor embaixo do
qual estava bem agasalhada. Sete horas após o abalo às 14h46 - esta era a
primeira vez que entrava em contato com notícias reais sobre o terremoto.
Imagens inacreditáveis
apareciam na tela. Cidades foram arrastadas pelo tsunami, literalmente, dentro
de um instante. As pessoas assistiam à televisão sem dizer uma palavra sequer.
Todas permaneciam em silêncio enquanto olhavam para a tela. Alguns que não
puderam aguentar mais começaram a desviar o olhar.
Enquanto eu via
cidades inteiras sendo engolidas pelo tsunami na televisão, lembrei-me do
terremoto de Kobe, em 1995. Eu também estava assistindo à televisão na época.
Quando o terremoto atingiu Kobe, pela manhã, eu estava em Tóquio. Durante todo
o dia, enquanto estava no trabalho, tentei contato com minha família na região
de Kansai, onde o terremoto aconteceu, mas não consegui falar com ninguém.
Temendo que tivesse
ficado sozinha no mundo, fiquei olhando as imagens dos incêndios na televisão à
noite toda. “Por que os caminhões dos bombeiros não estão aqui quando os carros
da televisão estão?”, indagou uma senhora que só podia ver a cidade se
transformar em cinzas, sem poder fazer nada para parar os incêndios. Foi
doloroso de assistir.
Foi o mesmo com o
tsunami desta vez: não foi o terremoto, mas os incêndios e o tsunami, tudo o
que vem depois que o terremoto destrói de fato as cidades. As câmeras capturam
imagens quando aconteceram, mas ninguém pode fazer nada sobre isso. Em questão
de momentos, inúmeras pessoas perderam a vida enquanto tudo era documentado em
vídeos.
http://pt.globalvoicesonline.org/2011/03/15/japao-terremoto-testemunho/
Nenhum comentário:
Postar um comentário