sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O HIPERTEXTO NA SALA DE AULA

Criando hipertextos


“ Todo texto impresso pode ser um hipertexto, mas nem todo hipertexto pode ser um texto impresso”.

Antonio Carlos Xavier
A conceituação de texto pode variar dependendo da perspectiva teórica que se adotar. Bentes afirma que,

Um entendimento satisfatório do fenômeno textual, em qualquer arcabouço teórico, requer que a relação entre teoria e objeto se faça a mais clara possível. A imprescindibilidade dessa relação reside no fato de que o entendimento das diferentes concepções de texto se dá em função de que a postulação e o reconhecimento dos elementos constitutivos do fenômeno textual estão previstos nessa relação; é ainda em função dela que a possibilidade de ampliação, ou mesmo de deslocamento, do conceito se faz plausível. No entanto, torna-se imperativo frisar que a referida relação se sustenta em função do conceito de língua que subjaz à plataforma teórica mobilizada para o trabalho de investigação. (BENTES, Anna Christina & REZENDE, Renato Cabral. 2008:22)

Adoto a concepção de texto como resultante da interação das atividades humanas por intermédio da linguagem verbal (oral ou escrita), não sendo um amontoado de palavras desconexas, mas constituindo-se pela relação de sentido entre essas palavras, podendo ser pretexto para a produção de outros textos.
Os textos geralmente são escritos linearmente e os recursos de citação ocorrem com a inserção de trechos de outros textos, por intermédio da paráfrase ou notas de pé da página e referências bibliográficas. Mas, um texto acadêmico pode funcionar como hipertexto, uma vez que contém notas de rodapé ou referências no desenvolvimento do texto que funcionam como links para a consulta em outras obras. O leitor pode optar em ler o texto de forma contínua, consultando as notas após a leitura ou interromper a leitura a cada localização e buscar a obra referenciada.
O hipertexto (eletrônico) refere-se a uma forma de escrever não-linear de informações em formato digital dividido em módulos de informações interligadas através de links oferecendo ao leitor diferentes trajetos para a leitura e interatividade. A leitura pode ser direcionada para outro ponto do mesmo texto, para outros textos e também para arquivos de imagens e sons. Para Lúcia Santaella,

(…) o texto passou por transformações, por uma verdadeira mudança de natureza na forma do hipertexto, isto é, de vínculos não-lineares entre fragmentos textuais associativos, interligados por conexões conceituais (campos), indicativas (chaves) ou por metáforas visuais (ícones) que remetem, ao clicar de um botão, de um percurso de leitura a outro, em qualquer ponto da informação ou para diversas mensagens, em cascatas simultâneas de interconectadas. (SANTAELLA, 2008, p. 47)

O hipertexto agrega não somente o texto escrito, mas também imagens, sons e animações variadas alterando, desse modo, a noção de textualidade. Santaella (2008) diz que o “hipertexto não é feito para ser lido do começo ao fim, mas sim através de buscas, descobertas e escolhas”. O leitor pode definir seu percurso de leitura, estabelecendo por suas escolhas uma nova sequência narrativa. A diferença do texto tradicional para o hipertexto está no suporte e na velocidade de acesso.

RESUMINDO:

TEXTO versus HIPERTEXTO

·         Texto  geralmente é escrito linearmente e os recursos de citação ocorrem com a inserção de trechos de outros textos, paráfrase,  notas de rodapé e referências bibliográficas.


·         Hipertexto (eletrônico) é uma forma de escrever não-linear de informações em formato digital, interligadas por meio de links oferecendo diferentes trajetos para leitura e interatividade.

HIPERTEXTOS

•O hipertexto agrega não somente o texto escrito, mas também imagens, sons e animações variadas alterando, desse modo, a noção de textualidade.


“ Por hipertexto entendo ser uma forma híbrida, dinâmica e flexível de linguagem que dialoga com outras interfaces semióticas, adiciona à sua superfície formas outras de textualidade”.

Antonio Carlos Xavier

O leitor de hipertextos não faz somente a decodificação das palavras ao contrário,  seus horizontes são estendidos, tem ampliadas de maneira ilimitadas suas relações de referências de mundo. Dessa forma, a leitura de mundo e da realidade  passa a ser ampliada pelo hipertexto. Como afirmava Paulo Freire ” a leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele”. Se para ser um bom leitor da palavra é preciso antes ser um bom leitor do mundo, “o hipertexto vem consolidar esse processo, uma vez que viabiliza multidimensionalmente a compreensão  do leitor pela exploração superlativa de informações, muitas delas inacessíveis sem os recursos da hipermídia”. (Xavier, Antonio Carlos, 2005. p.172)

“Tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, sequências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um deles , ou a maioria, se estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira”.

.

Lévy, 1993, p.33

Exemplos:
Hipertexto e Criação Literária: uma leitura de"afternoon, a story", de Michael Joyce
                                          (Ilustração da página inicial da hiperficção "Tristessa")


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